quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Nigranjazz 2017 - Report



Nigrán Jazz 2017
Texto e Fotos de Miguel Estima
 Nigranjazz poderia ter este ano o subtítulo “Onde a chuva não afasta o público do festival”. Esta décima primeira edição ficou marcada pela chuva.

 No primeiro dia, sexta 28 de Julho, a noite começou com o quarteto liderado por Gonçalo Leonardo no contrabaixo, o lisboeta, deslocou-se até à Galiza e deixou-se envolver logo à chegada pela deslumbrante paisagem, cenário para o concerto, com o estuário do Rio Miñor em Nigrán. 
A acompanhar estava o Yago Vázquez no piano, Iago Fernández na bateria (em substituição de Tommy Crane) e André Martos na guitarra. O concerto serviu para apresentação do disco East 97th, gravado nos Estados Unidos e lançado no início de Julho passado. 
O público foi chegando e acomodando-se para deliciar-se com este quarteto com duas nacionalidades, numa fusão de estilos, vincadamente europeus.
 Se a fasquia já estava alta, a coisa elevou-se com Rossy & Kanan Quartet, o quarteto liderado por Jorge Rossy, vibrafonista radicado em Barcelona, veio acompanhado de Michael Kanan, ambos mentores da formação, que conta ainda com Putter Smith lendário contrabaixista americano, também actor onde entrou no filme de James Bond – Diamonds Are Forever no papel de Mr. Kidd e mais uma lenda viva do jazz Jimmy Wormworth na bateria. Um concerto magnífico, apesar da chuva miudinha que se fez sentir, a assistência estava em mutação, mas derretendo-se a ouvir estes grandes mestres do jazz. 
O concerto teve por base temas dos dois discos já editados e de um gravado dias antes do concerto de Nigran. A intimidade demonstrada entre os músicos era uma constante ao longo do concerto, com uma boa dose de boa disposição, brincado com a chuva que estava a ser mais persistente, deram um dos melhores momentos desta edição do Nigranjazz. A noite continuou com uma jam session, com Carlos Gil Trio. 

No sábado, 29 de Julho, segundo dia deste festival, a abrir a tarde e numa zona contígua onde fazem um festival de camiões de comida (food trucks), os The Alley Stompers, presentearam uma boa dose de swing, animando os pés, para uma agitação própria de ritmos mais quentes, com uma batida mais acentuada. Num groove constante, esta formação que conta com Antonio Otero na voz e no saxo tenor, Rosolino Marinelo nos saxos, Wilfried Wilde no banjo, Oscar Prieto na Tuba e Chus Pazos na bateria. 
O ritmo foi envolvendo, as pessoas que iam chegando ao local, num misto de dança e divertimento, foram aproveitando os momentos finais de sol do dia, ao sabor de uma delícia de um food truck, ou um gelado que bem que sabia.
 Regressando ao recinto do festival, onde Virxilio da Silva junto com Abe Rábade em formato duo protagonizaram um dos momentos altos do festival, com um desafio de recriarem uma homenagem a Bill Evans e Jim Hall. Sendo dois do mais prestigiados músicos de jazz da Galiza, Abe com uma reputação alem fronteiras no piano jazz, a juntar um dos carismáticos jovens promissores na guitarra Virxilio da Silva, numa beleza exuberante, sem se agarrarem muito ao original, recordaram temas dos dois discos criados pela dupla Undercurrent de 62 e Intermodulation de 66. 
E como o crítico Pete Welding diz “Esta colaboração entre o Evans e o Hall resulta numa das mais lindas e lisonjeiras que tive o prazer de escutar”, o mesmo se aplicou a esta dupla, que arrecadou uma salva de palmas com todo o publico de pé, a elogiar a excelente performance. 
 Para terminar a noite de concertos, o pianista Kevin Hays, veio acompanhado de Romeu Tristão no contrabaixo e de Marcos Cavaleiro na bateria. Num trio improvisado para esta mini-tour que o levou a Viseu e Porto antes de vir parar em Nigran. 
Colaborador habitual de grandes leaders como Joshua Redman e Brad Mahldau, apresentou em Nigran músicas do mais recente North lançado no ano passado, percorrendo ainda alguns temas mais clássicos do seu já singelo reportório destacando-se o New Day, tema que também o Kevin dá voz à canção e também nome do disco do ano anterior. 
Numa forma divertida, apercebendo que a chuva já se fazia sentir na assistência e mesmo assim foi ficando, levou a ter ainda mais energia, para “tocar mais depressa”, talvez para não se dar conta que dava mesmo para molhar… 

A fechar esta edição Sumil Lopez Trio, abriu a jam session. Uma edição que ficará marcada pelas duas noites de chuva, e que mesmo assim tem o mérito pela forma como o público se envolve e se junta para apreciar o jazz, neste pacato município do sul da Galiza.        
Foto-Reportagem completa aqui.

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