quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Os Melhores Álbuns de 2015


Mais um ano que passa e mais uma lista para deixar registado o que foi este ano em termos musicais. Como já vem sendo hábito, escolher apenas 30 discos não é tarefa fácil, a vitalidade e a criatividade das bandas e projectos nacionais é tanta que até dá (boas) dores de cabeça.
As listas valem o que valem, mas sei que acabam por ser uma “ferramenta” útil para quem gosta de saber o que se vai fazendo de novo por cá.
Aqui está reflectido o meu gosto pessoal e tenho a certeza que haverá quem discorde de alguns nomes incluídos e ache que deveriam ser incluídos outros, mas isto é mesmo assim, cada cabeça, sua sentença.
Sem mais delongas, aqui ficam os escolhidos:
1º Cachupa Psicadélica – Último Caboverdiano Triste
 2º TV Rural – Sujo

3º Benjamim – Auto Rádio 

Grandes Lançamentos de 2015

Enquanto preparo a listagem dos melhores discos do ano de 2015, não podia deixar de dar um merecido destaque a dois lançamentos que, por assim dizer, me "encheram as medidas".
O primeiro é a reedição pela Rastilho Records (em parceria com a Universal Music) dos primeiros três álbuns dos Peste & Sida, banda que muito marcou a juventude de todos os que já se dedicavam a ouvir boa música portuguesa nos finais de 80 e inícios de 90.
Foi um verdadeiro Serviço Público que não podia deixar de saudar.

O segundo é a edição de Juntos o espectáculo que soma Jorge Palma e Sérgio Godinho e os torna numa entidade que conjunta é mais que uma simples soma de partes.
A edição de cd duplo e dvd é um verdadeiro documento histórico indispensável para qualquer admirador da carreira dos dois criadores geniais.

Bruno Macedo – 8 mm


Decidi no meio do mês de Dezembro de 2015, fazer uma série de críticas/crónicas a discos que me fossem surgindo pelas mãos. Hoje, com a facilidade do facebook e de amigos que conhecem amigos músicos, cheguei ao contacto da Porta Jazz (Associação do Porto, da qual irei realizar artigo lá para o meio de Janeiro) e do já vasto catálogo editorial, cheguei ao contacto com o Bruno Macedo.
Apesar do disco ter sido gravado em meados de Junho de 2014 (no Boom Studios em Gaia), o lançamento oficial só ocorreu no auditório da FEUP, no passado dia 29 de Janeiro de 2015. Álbum de estreia do guitarrista Bruno Macedo como líder e compositor, após várias participações com artistas do panorama jazzístico nacional.
Este 14º disco da Porta Jazz tem uma sonoridade mais descomprometida, de fácil escuta, mesmo para aqueles de “ouvido duro”, e que o jazz ainda é música difícil de ser escutada! Talvez por contar com uma forte componente visual (até o título do álbum “8 mm”), entre um “deserto” e uma “tempestade”, os oito temas esvaem-se na nossa imaginação, feito de paisagens sonoras e com uma forte ligação temática com a sétima arte.
 Bruno Macedo contou coma cumplicidade e mestria de Pedro Neves (ao piano), Miguel Ângelo (no contrabaixo) e Leandro Leonet (na bateria). E ainda a participação especial do teclista Miguel Ferreira para se juntar ao quarteto no último tema do disco "Tempestade". Com grafismo de Maria Mónica, o álbum de edição limitada e numerada foi editado pela Carimbo a label da PortaJazz. Para ouvir num final de tarde, num ambiente relaxado de preferência junto ao mar.
Levando um Muito Bom para o escriba que fica a aguardar por novos projectos do Bruno e da Porta Jazz!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Caledoscópio - Tributo a Paralamas do Sucesso

O site brasileiro Scream & Yell decidiu homenagear Os Paralamas do Sucesso reunindo 18 artistas de 11 países Ibero-americanos dos quais fazem parte os nossos TV Rural e Samuel Úria.
O disco está disponível em download legal e gratuito aqui.
Podem descarregar à vontade e ouvir até mais não, a banda brasileira já merecia uma homenagem assim.

Melhores EP's de 2015


1º VAARWELL - LOVE AND FORGIVENESS

2º MOONSHINERS - GOOD NEWS FOR GIRLS WHO HAVE NO SEX APPEAL

3º SABÃO MACACO - O CAPITÃO SEM MEDO

4º BÚSSOLA - BÚSSOLA

5º DORY & THE BIG FISH - LOVE IS A PIÑATA

6º ISAURA - SERENDIPITY

7º FRANCIS DALE - FRANCIS DALE
8º ANACHICKS - WE CLAIM THE RIGHT
Não é fácil fazer as habituais listas dos melhores discos portugueses do ano, a qualidade é mais que muita e, mais uma vez, optei por dividir álbuns e EP's de forma a ser mais justo com tanta banda que tem feito coisas tão boas.
Podem rever algumas das apreciações que fiz a alguns dos disco incluídos, clicando nos links:
Vaarwell - Love and Forgiveness
Moonshiners - Good News for Girls Who Have No Sex Appeal
Sabão Macaco - O Capitão Sem Medo
Bússola - Bússola
Dory & The Big Fish - Love Is A Piñata 

Dory & the Big Fish - Love is a Piñata


Descendentes d’Os Lábios e dos the Profilers, os Dory & The Big Fish nasceram em 2014 e surgiram em 2015 com o EP - Love is a Piñata.
Guitarras, teclados, por vezes até um violino e metais, a acompanhar belas vozes (a voz feminina chega a fazer lembrar-me a Carla Torgerson dos Walkabouts), num estilo classificado como Indie Blues Rock, vão desfiando histórias de Amor com tudo o que ele envolve, alegria, tristeza, obsessão, amizade, procura de liberdade e até desilusão.
As seis canções, são quase clássicos imediatos, a sua audição é muito agradável e remeto-nos para ambientes íntimos e bem fumarentos, eventualmente situados num local ermo e recôndito, onde o que parece negro e triste, rapidamente se torna belo, como um dia cinzento de chuva.
Ouçam-nos aqui e digam de vossa Justiça.
Eu fiquei encantado.
O disco leva um Para Além de Bom!
Fiquem também como vídeo de apresentação – Trouble Song – baseado na curta metragem The Fortune Teler de Anthony Mazzio:

Sabão Macaco - O Capitão Sem Medo


Desde sempre aprendi que há sempre, pelo menos, dois lados para uma história e que para tomar uma decisão justa, ambos devem ser tidos em conta. Com O Capitão Sem Medo, novo EP e derradeiro disco dos Sabão Macaco é-nos então permitido saber das razões do Capitão para agir como agiu no Romance da Maria Rita (disco anterior que conta o drama da moça).
São cinco temas que nos dão as razões do amor traído, temos o som para o seu amor à partida para a guerra (Salgueiro à Borda D’água), a descrição do que sentiu (O Capitão Sem Medo), a descrição do que pretende fazer (Fado Por Dinheiro), os sons da sua chegada da guerra (Estação Velha), e o relato do sucedido (Chula das Maças). Claro que nunca concordaremos com a atitude do personagem, mas ficamos a ver o seu lado e o estado de loucura que o atingiu.
Não me lembro de uma despedida de uma banda tão boa, rematam a história e deixam-nos com água na boca para o que ainda poderia vir a nascer da sua criatividade.
Pode até parecer que estou a chorar sobre leite derramado, mas uma banda que consegue cantar histórias assim, nunca devia acabar.
Daqui d’A Certeza da Música levam um Muito Bom e não um Excelente porque é curtinho, mas quem é que gosta de longas despedidas?
Um Bem-haja aos elementos dos Sabão Macaco e que cada um no seu trajecto nos vá dando alegrias musicais, como acontece neste disco.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Galandum Galundaina - Quartada


Talvez os maiores embaixadores da cultura e língua mirandesa os Galandum Galundaina chegam a Dezembro com mais um álbum na sua, já extensa, carreira.
Não é fácil pegar numa língua que poucos conhecem, mantê-la viva e espalhá-la pelo mundo com estes bravos fazem. Sempre pegando no tradicional e dando-lhe um toque de modernidade, brindam-nos à despedida de 2015 e dão as boas vindas a 2016 com Quatrada, disco novo onde até conseguem por Zeca Medeiros e a Manuela Azevedo a cantar a sua língua.
Num mundo cada vez mais globalizado e demasiado anglófono, há um grupo de irredutíveis trasmontanos que resistem e mostram, sem medos e sem grandes interesses comerciais, que é possível fazer diferente sem esquecer o passado. É possível acarinhar uma cultura e resgatá-la ao esquecimento. Neste caso, através de música por vezes guerreira, sempre muito interessante e capaz de animar qualquer festa em qualquer ponto do mundo.
Nien Mais Ua Fiêsta Sin Gaitas!” é o lema que os motiva e assim nos vão fornecendo belas melodias para que nós também o façamos. Vale a pena conhecer e partilhar esta música, não com qualquer tipo de paternalismo, mas sim porque é boa.
O disco leva um Muito Bom daqui d’A certeza da Música.
Espero que continuem a fazer o que fazem por muitos e longos anos e que nunca se cansem de gritar:
Siga a Malta i Trema a Tierra!
 

Melhores Concertos de 2015

1º Trêsporcento no NOS em D'bandada
2º Samuel Úria e Amigos no CTE
3º Jorge Palma e Sérgio Godinho em Sever do Vouga

Foram algumas dezenas de concertos que tive o prazer de ver neste ano e tenho como mágoa, não poder ter ido ao Bons Sons (falha que espero remediar em 2016).
Fazer um pódium com os três melhores, acaba por ser um pouco fácil, pois as emoções que senti nestes três, foram particularmente mais fortes.
Fiquem com os links dos relatos que fiz na altura, se estiverem interessados em saber como foi:

Trêsporcento no NOS em D'Bandada
Samuel Úria no CTE
Jorge Palma e Sérgio Godinho - Juntos em Sever do Vouga
  

Senza - Praia da Independência


Senza foi o nome escolhido para o projecto musical da Catarina Duarte e pelo Nuno Caldeira, “deambuladores” neste mundo louco, mas belo, que se inspiraram em tudo o que colheram nas suas viagens para criar um género que se pode catalogar como Fusão Lusófona.
Praia da Independência é o registo em forma de álbum que eles tiveram o bom gosto de nos oferecer. Para já são 11 canções (serão mais ao vivo), todas elas diferentes mas sem perderem uma uniformidade que vamos sentindo a cada audição.

A Jigsaw 16º Aniversário - Report

Foi no passado dia 4 de Dezembro que os A Jigsaw comemoram mais um aniversário, o 16º, no Salão Brazil em Coimbra.
A casa encheu para os ver e eles, acompanhados pela The Great Moonshiners Band (Victor Torpedo na guitarra, Pedro Antunes no baixo, Paula Nozzari na bateria e Tracy Vandal na voz), deram um concerto à altura da data que se comemorava.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Dead Combo e As Cordas de Má Fama no FOGO 2015 - Report


No segundo dia do Festival O Gesto Orelhudo, fomos visitados pelos Dead Combo e As Cordas de Má Fama, um novo espectáculo do duo, que acompanhada pelo trio de cordas composto por Carlos Tony Gomes no violoncelo, Bruno Silva na viola de arco e Denis Stetsenko no violino, trouxe uma nova roupagem para alguns dos seus temas emblemáticos.

PZ no Festival O Gesto Orelhudo 2015 - Report

Foi no passado dia 2 de Dezembro que Paulo Zé Pimenta (PZ) veio ao Festival O Gesto Orelhudo apresentar o seu mas recente álbum Mensagens da Nave Mãe.
PZ deu-nos quase uma hora de excelente crítica social (por vezes encriptada), algum amor e muito boa disposição, tudo muito bem "embrulhado" na música da Banda do Pijama, que é como quem diz André Simão (Dear Telephone) a fazer magia com a guitarra e as electrónicas e Fernando Sousa (X-Wife) a fazer o mesmo com o seu baixo e também algumas electrónicas, que também ia acompanhando nas coreografias específicas para cada canção.

Márcia - Quarto Crescente


Quarto Crescente foi considerado por mim (e mais algumas publicações nacionais) como um dos álbuns do ano. Lançado em Maio deste ano o seu quarto disco de originais, contou com a produção de Dadi Carvalho. De “A Insatisfação” até ao “Mal Menor”, o disco conta com 11 temas, onde está incluído “Linha de Ferro” um dueto com Criolo o Rapper Brasileiro que tem captado algumas atenções por cá.
Libertando-se de amarras do passado, este novo registo da Márcia é formalmente mais maduro e mais coeso. Marca também, de forma inegável, a presença desta cantautora, no panorama do indie-folk alternativo feito em território luso.
Não fosse o anterior single de sucesso “A pele que há em mim (quando o dia entardeceu) ” gravado em 2011, num dueto com o J.P. Simões e a Márcia ainda seria uma desconhecida para o público em geral e apenas reconhecida por meia dúzia de hipsters, que procuram aquele som alternativo e de qualidade. Raro, diria mesmo muito escondido no nosso panorama musical, mas ainda bem que existe.
Um disco – classificado com um Muito Bom pel’A Certeza da Música - que recomendo, principalmente nesta altura do ano, de recolhimento ao lar e que deve ser escutado junto ao crepitar da lareira e de boa companhia.

Grutera - Sur Lie


Grutera ou Guilherme Efe é um guitarrista de excelência que já tem obra feita e chega agora a Sur Lie, o seu terceiro álbum de originais.
Para a gravação desta obra, foi utilizado o Túnel das Barricas da Herdade do Esporão, opção descrita assim pelas suas palavras:
Fizemos por fazer diferente. Barricados num lugar que transforma tudo o que por ele passa. O que trouxemos não foi o que levamos. Trouxemos o que o lugar nos quis dar. Cada segundo é mais intenso aqui. O que existe, existe com mais textura aqui. As cordas ganham aroma. E a maturação aconteceu aqui. Sobre as borras fermento - Sur lie”.
Assim se construiu um disco que, tal como um bom vinho, é para ir saboreando ao longo do tempo. Um disco que rapidamente cresce dentro de nós e nos vai conquistando a cada audição, inebriando-nos de bons sons e levando-nos para as planícies alentejanas, onde foi criado.
Nele participa, ainda, Helena Silva que com o violino vai adicionando a magia de outras cordas nalguns temas do disco.
Sur Lie é dedicado ao avô de Guilherme e conta com a produção de Tiago e Diogo Simão, com o Design de Ana Gil e excelentes fotografias de Leonor Fonseca.
A sua audição pode ser feita aqui e deve ser acompanhada de um bom vinho, de preferência alentejano.
Aqui A Certeza da Música dá-lhe um Muito Bom!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

2015 em Balanço por Miguel Estima


Das coisas que habitualmente acontecem nesta altura do ano são as listagens dos melhores, em várias categorias e géneros. Assim sendo, vou dar o meu contributo e escrever sobre alguns projectos nacionais e internacionais que andei a ouvir em 2015. Não são os melhores, podem nem ter recebido grande aceitação por parte da crítica especializada, mas fizeram com que os ouvisse por várias e repetidas vezes.

Agenda - II Festival Internacional de Guitarra de Guimarães


II Festival Internacional de Guitarra de Guimarães (26 a 29 de dezembro 2015)

Está de volta o Festival Internacional de Guitarra de Guimarães com mais concertos e um novo ciclo de conferências que pretende mostrar como a música pode ser uma janela para o cérebro.
Promovido pela Sociedade Musical de Guimarães, em parceria com a Câmara Municipal de Guimarães e sob direção artística do guitarrista Nuno Cachada, o II Festival Internacional de Guitarra de Guimarães (II FIGG 2015) decorrerá de 26 a 29 de dezembro em vários espaços emblemáticos da cidade de Guimarães, nomeadamente o Centro Cultural Vila Flor, Plataforma das Artes e Criatividade, Paço dos Duques de Bragança, entre outros.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Uma Banda Sonora Para 2015


Estamos a viver mais um grande ano na música portuguesa e já começaram a sair as primeiras listas com os melhores do ano, em breve também apresentarei as minhas listas, mas, para já, quero apenas apresentar uma lista de canções que me preencheram da melhor maneira este ano que está quase a terminar.
Os critérios são simples, não são propriamente singles, mas são as canções ou instrumentais que mais ouvi este ano (não forçosamente de discos só lançados em 2015), numa ordem mais ou menos cronológica (há uma de um músico brasileiro, mas que é em dueto com o nosso Samuel Úria) e que davam um belíssimo programa de rádio.
Espero que gostem desta banda sonora:
Vitorino Voador – Venha Ele
We Trust – We Are the Ones
Dead Combo – Povo que Cais Descalço
TV Rural – Pedra é Pedra
Flávio Torres – Ser ou Não Ser
GNR – MaCabro
André Barros - Wounds of Waziristan
Vaarwell - Branches 
Aldina Duarte – Dois Ponteiros Parte 2
Benjamim – Os Teus Passos
Márcia – Lado Oposto
Wado c/ Samuel Úria - Deita
PZ – Neura
Diabo na Cruz – Moça Esquiva
Moonshiners - Slower than a Cadillac & Faster than a Mustang
Rui Oliveira + DJ Deão – Poemarma
Carlão - Bla Bla Bla
Luis Severo - Ainda é Cedo
They’re Heading West – Barbarella Barba Rala
Pop Dell’ Arte - Anonimous
Cachupa Psicadélica – ¾ de Bô
Lucas/Medeiros – Navio
 Best Youth - Black Eyes

Segue-me à Capela no CTE - Report

Foi no passado dia 6 de Novembro que, em concerto integrado no Outonalidades, as Segue-me à Capela vieram até ao Bar do Cine Teatro de Estarreja, mostrar as suas canções e encantar todos os que encheram aquele espaço para as “ouver”.